sábado, 27 de setembro de 2008

Entrevista com PVC


Por Raphaela Bacic e Paulo Henrique Viola



Paulo Vinicius Coelho ou, simplesmente PVC, é formado em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Desde garoto, já queria ser jornalista esportivo. Porém, sua timidez o fez pensar em algumas outras opções como Direito, Psicologia e Ciências Sociais, antes de optar, de fato, pelo jornalismo. Trabalhou na Gazeta do ABC, Diário do Grande ABC, revista Placar e foi um dos jornalistas fundadores do LANCE, em 1997. Atualmente, é chefe de reportagem e comentarista da ESPN, colunista do jornal Folha de SP e comentarista da rádio Eldorado. PVC é conhecido por seu grande conhecimento tático a respeito do futebol e sua memória excepcional.

Encontramos o PVC, neste sábado, em um curso de Jornalismo Esportivo, do qual participamos e ele era um dos palestrantes. Tivemos a oportunidade de conversar um pouco com ele e a entrevista você confere abaixo:

Como você define o Paulo Vinicius Coelho?

Essa pergunta é muito ampla. Como jornalista, eu posso dizer que sou um cara apaixonado pelo que faço. Acho que se tem alguma diferença no meu trabalho é devido a isso.

Desde quando você se interessa por futebol?

A primeira vez que fui a um estádio de futebol eu tinha 5 anos. Foi um jogo entre Portuguesa e Juventus, meu avô, que era luso, me levou. Acredito que antes disso eu já me interessava, mas foi a partir dali que comecei a gostar mesmo. Lembro que, quando era menino, jogava bola e na minha cabeça centroavante e artilheiro eram sinônimos. (rs) Isso quando tinha 5/6 anos, com 14 eu já sabia que queria ser jornalista esportivo.

Qual a sua avaliação a respeito do curso de Jornalismo da UMESP?

É difícil falar sobre isso hoje, porque eu saí da Metodista em 1990. Já se passaram 18 anos, então fica difícil fazer uma avaliação sobre ela. O que posso dizer é que, enquanto eu estava lá, percebi muita gente que se decepcionou, por imaginar que ao chegar lá encontraria um ‘grande centro de conhecimento’. Eu nunca tive esse tipo de relação com a faculdade, ela pra mim era um meio de se chegar ao mercado de trabalho. Não fui pra lá pensando que aprenderia tudo que nunca tinha aprendido. Isso foi positivo, porque fez com que eu não tivesse nenhum tipo de desencanto.

Você acha que a Metodista te preparou bem para o mercado?

Eu acho que sim. Mas, se dependesse exclusivamente da minha passagem pela faculdade, acredito que não sairia preparado, pois não tive muitas aulas práticas. O que me ajudou foi o fato de eu ter começado a trabalhar já no primeiro ano da faculdade, fazendo alguns ‘freelancers’ para jornais pequenos de Santo Amaro. No segundo ano, passei a fazer reportagem em um jornal pequeno, mas de circulação semanal. Cheguei a cobrir, nesse ano, a eleição Municipal de São Bernardo do Campo. Então, o fato de estar trabalhando me preparou bem para o mercado de trabalho.

Você sempre quis ser jornalista? Se não fosse, o que seria?

Com 14 anos eu já queria ser jornalista esportivo. Mas, por ser muito tímido, sempre escutava que não podia ser jornalista. Além disso, me diziam que com jornalismo eu não ganharia dinheiro. Isso atrasou minha decisão. Cheguei a pensar em fazer Ciências Sociais, Direito, Psicologia, até decidir, com 17 anos, que faria de fato Jornalismo.

PVC, você é conhecido como uma verdadeira "enciclopédia do futebol". Como adquiriu tanto conhecimento?

Conhecimento você não adquire. Eu gosto disso. Gosto de ser reconhecido como uma ‘enciclopédia’ e gosto de futebol, que é o fundamental. Eu não vou ler para as pessoas acharem que sou uma ‘enciclopédia’, vou ler porque eu gosto de futebol. No meu momento de folga, eu vou ler futebol e dessa forma você aprende. Sem contar que, quando eu era criança, gostava de ler sobre as histórias dos clubes. Além disso, quando era moleque e vi o Guarani jogar, em 1978, memorizei sua formação. Já quando você tem 39 anos não memoriza igual. Não porque sua memória seja pior, mas sim porque você tem outras preocupações. Porém, acredito que a paixão pelo futebol deve ser preservada, pois ela me ajuda a relacionar fatos e isso acaba acumulando informação.

E como é para você lidar com essa fama?

Só tem uma coisa que eu tenho de manter, que é tentar sempre ser a mesma pessoa. Tem dado certo, espero que continue assim. (rs)

Muitos dizem que seu conhecimento sobre a parte tática do futebol supera o de muitos treinadores (rs). Já passou pela sua cabeça seguir os passos de João Saldanha e virar técnico?


O Saldanha foi técnico do Botafogo antes de ser comentarista, virou jornalista e, só depois, foi técnico da Seleção Brasileira. Eu sou jornalista. Minha relação com a tática é a de um moleque apaixonado por futebol, mas é uma relação de jornalista. Eu telefono pra técnico, converso com jogador, eventualmente, a fim de confirmar ou desmentir o que estou observando, para poder passar a informação. O objetivo da minha observação tática é a informação.

Muitos estão criticando a seleção brasileira. Como você analisa o trabalho do técnico Dunga? Você acredita que uma mudança de técnico resolveria os problemas da seleção?

Acho o Dunga inexperiente para função que exerce, no período em que exerce, porque a Seleção Brasileira passa por um momento de renovação e esses períodos sempre foram complicados para ela. Foi difícil com o Evaristo, Lazaroni, Parreira, Luxemburgo, Zagallo, em todos os momentos de renovação a seleção teve altos e baixos. O Dunga está pegando um período como esse, então, se você mudar o técnico, terá problemas do mesmo jeito. Mas a questão do Dunga é outra, ele é inexperiente e não tem muito ‘jogo de cintura’. Porém, ele melhorou nesse segundo aspecto, as coletivas dele estão mostrando isso, ele está mais brando. Eu não teria o Dunga como técnico, talvez o Autuori fosse uma boa opção.

Para nós, estudantes de Jornalismo que pretendem seguir na área esportiva, você é um exemplo. Qual dica você nos daria para que possamos, no futuro, nos tornar jornalistas esportivos de respeito como você?

Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar,... (rs)

Você acredita que desde agora devemos nos focar mais na área do esporte ou não?

Quando eu era moleque ouvia dizer que era difícil entrar no mercado de trabalho. Então, eu deveria estar preparado para trabalhar onde tivesse oportunidade, tinha de estar antenado sobre tudo. Isso significa que você tem que se preparar pra ser jornalista e torcer pra sorte te jogar pro lado que você quer. O princípio do Jornalismo Esportivo é o princípio do Jornalismo, você tem de apurar, checar a informação. Se você quer trabalhar com esportes, tem que focar em tudo e dar um pouquinho de preferência ao esporte.

3 comentários:

Anônimo disse...

Opa!

Parabéns pela entrevista, Rapha e PHV.

Arrasaram.

Fui.

Anônimo disse...

Parabéns =]
Já falei pra rapha q vcs têm futuro.
Será outro palmeirense nascendo?
bjundas =**

Felipe Maia disse...

Gostei muito da entrevista, ficou boa. Bom, eu descobri que quero ser jornalista cultural aos 15, fiquei um pouco indeciso e realmente decidi que é o que quero quando ia prestar vestibular. Será isso um sinal? oO
(falei isso no blog da Rapha, mas adiciono uma coisa aqui):

Vocês têm um bom futuro, principalmente se tratando de esportes. Keep the good work =D